Em torno da oficina "Meu rosto Teu"

A oficina “Meu rosto teu” vai amadurecendo com resultados plásticos cada vez mais expressivos. Ao observar os nossos participantes especiais, vou entendendo cada vez melhor como é difícil a relação com a nossa imagem, tão diferente da representação, onde podemos assumir papeis imaginados. De repente, essa contradição entre retrato e representação torna-se muito mais clara, quando observamos atentamente o comportamento dos nossos jovens com necessidades educativas especiais ao serem confrontados com esses dois pontos de vista sobre si próprios. Atiram-se aos desafios sem medo das representações sociais da sua própria imagem; não temem juízos de valor e fruem, melhor que nós, o desafio do retrato, habitualmente reservado a artistas virtuosos. No entanto, as imagens que criam assumem uma estranha beleza e verdade  impossível de copiar. E melhor, ainda: os nossos jovens brincam com as representações que criaram deles próprios, já num território plástico fluido, assumindo que aqueles são eles, ali retratados. 
E assim, reunindo prazer e expressão vamos trabalhando a identidade, o grafismo e as obras de arte, em oficinas onde não se sente passar o tempo. Estamos bem naquela oficina. Professores, monitores e técnicos trabalham em conjunto, serenamente, entendendo as fronteiras que se vão transpondo. Foi muito bonito ver a nossa estagiária Margarida Rodrigues a trabalhar a concentração com uma jovem mais dispersa: Calma, afeto e foco. Assim foi com o "Religar".
Noutro grupo, recebemos a mediadora artista Teresa Barreto e o seu grupo do Instituto Condessa de Rilvas: como os jovens vêm muito bem trabalhados e motivados, perceberam logo os desafios e o resultado plástico da sessão foi assinalável.
Há dias em que tudo se conjuga para provar que esta direção experimental é válida, frutificando inesperadamente no trabalho oficinal.

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