Residência. Montando um espetáculo a partir de contos,
imagens e oralidades para um público difícil: a família, num todo. A intenção é
acrescentar algo mais à narração oral, brincar, abrir outras dimensões. Está a
dar trabalho… Está a dar o nervoso do costume…Espero que vos dê gozo assistir… Obrigado à equipa do Espaço do Tempo
sexta-feira, 27 de março de 2015
terça-feira, 24 de março de 2015
Sussurradores do Monte: confissões de um mediador cultural
Um susurro para ti, um sussurro para mim... (Foto: Rui Francisco - CMA)
Ontem estive com o Luís Barradas (Biblioteca Municipal Maria
Lamas) e com o Rui Francisco (Câmara Municipal) a fazer uma pequena ronda pelas
associações do Monte da Caparica, envolvidas no projeto Sussurradores do Monte.
Consoante a zona do bairro o trabalho assume contornos diferentes. Muito
diferente do ambiente da Cova da Moura onde a uma textura urbana íntima
corresponde uma malha de relações apertadas, sendo o crioulo a língua maioritária
de comunicação, consolidando os dias No alto do moinho, as crianças falam a
língua de Cabo Verde, aqui é o reino de um português empobrecido onde as
relações de poder, sempre afirmadas em voz alta, fazem o quotidiano da infância.
Uma conclusão ressalta desta volta que demos, promovendo a ideia e dando uma
ajuda na concretização dos sussurradores: O projeto necessita mais tempo de
intervenção direta com os jovens, de forma organizada e usando diferentes
dinâmicas de grupo para consolidar a presença dos mais novos. Terei de estar
mais presente nestas intervenções diretas. A volatilidade nos bairros é grande…
A dureza, também – é mais difícil trabalhar aqui do que noutros bairros onde
tenho desenvolvido o meu trabalho. Ou será porque desconheço as regras próprias
do local e ainda não criei laços? No Centro Paroquial do Cristo Rei (bairro
branco), os animadores/mediadores são maduros; sabem do tempo que é necessário
para uma ideia surtir efeito. Têm uma ideia e um caminho a percorrer até à
nossa Sussurração geral na sexta-feira, na estação do Pragal. E um trabalho
nobre, este que os mediadores culturais desenvolvem no terreno, junto a
populações muito carenciadas. É possível que nada corra como o esperado. Com o
meu entusiasmo, por vezes, coloco a fasquia muito alta. Teremos de aprender com
esta prática e reformular todo o modo de fazer numa perspetiva mais horizontal e mais próxima do discurso dos jovens.
Explicando os objetivos no "Geração Cool" (Foto: Rui Francisco - CMA)
Luís Barradas (animador de Biblioteca "de mão cheia"
ajudando a construir a ferramenta de comunicação
(Foto: Rui Francisco - CMA)
Escutando um poema em jeito de Hipop.
Em pano de fundo, a "Máquina da Poesia"
(Foto: Rui Francisco - CMA)
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domingo, 22 de março de 2015
Residência no Espaço do Tempo
Começa amanhã a minha residência artística no Espaço doTempo (Convento da Saudação – Montemor-o-Novo) dedicada à montagem do “Ala
arriba!”, um pequeno espetáculo de contos em torno do mar, das suas criaturas e
das gentes; contos, poesia e outras oralidades reunidos em torno das marés. Esta
sequência de contos seguirá junto com a divulgação do meu livro “Rimas salgas”
que se prevê esteja impresso no final de Abril. Vai ser bom recolher a opinião
dos meus pares sobre o material que reuni para esta espécie de sessão de
contos, usufruindo do magnífico ambiente e apoio técnico da equipa do Convento.
Segunda à noite, lá estarei.
sábado, 21 de março de 2015
Comemorando o Dia Mundial da Poesia com um peixe-aranha
Comemorando o Dia Mundial da Poesia com o poema "O samba do peixe-aranha" que faz parte do livro "Rimas salgadas" (disponível em breve)
terça-feira, 17 de março de 2015
Laredo sobre tela
É sempre uma boa sensação voltar a ver uma peça fundamental
no meu trabalho de pintor, como é o caso desta (“laredo” – acrílico sobre tela),
com quatro metros, banhando a sala toda com uma luminosidade sedimentar. Está
em boas mãos... Poisar os olhos nela é recordar os princípios sobre os quais se
estrutura o meu trabalho. Dá logo vontade de entrar no ateliê e desatar a
pintar…
quinta-feira, 12 de março de 2015
Recordando Eduardo Pontes
Quase pronto, o mural...
Ontem o Eduardo Pontes teria celebrado connosco o seu
aniversário no bairro da Cova da Moura. Mas ele já partiu. Na mesma, cantámos-lhe
canções do Zeca, tentámos entoar em coro “os vampiros”, canção de que ele muito
gostava, como nos recordou Jakilson Ramos. Também o nosso perito de experiência
(agora mediador cultural de corpo inteiro) sabe que um livro na mão de uma
criança do bairro é uma poderosa promessa de transformação do quotidiano.
Lembremo-nos, pois, que o Moinho da Juventude foi construído em cima desta
convicção de formar jovens, leitores, possuidores de opinião própria. Contribuí
com um pequeno conto para esta festa simples que organizámos na Biblioteca do
Moinho e que reuniu uma mão cheia de gente, pequenina e grande, recordando o “Senhor
Eduardo”. Gostei de escutar o LBC Soldjah, jovem acordado para a realidade de
uma sociedade Portuguesa que ignora os verdadeiros obreiros, de mãos nuas, das
suas construções públicas, verdadeiras “obras de regime”. Quantos operários
crioulos trabalharam nas pontes, na expo, continuando a fazer parte do tecido
laboral deste país, sem que a nossa sociedade lhes reconheça o valor e lhes
respeite princípios básicos de cidadania? Aconteça o que acontecer a identidade
do bairro deve permanecer e todos temos o dever de nos empenharmos em
profundidade na tarefa da educação…pois como dizia Amílcar Cabral: “As crianças
são as flores da nossa luta e a razão do nosso combate”.
Guiné e Cabo Verde...
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terça-feira, 10 de março de 2015
A ideias ganham corpo com as palavras
Na secundária Dona Maria (Sintra) o dia iniciou-se de volta
dos livros… Os primeiros livros, mais de perceção e memória leitora das imagens
e depois “o espelho” (Suzy Lee) como preparação para o tema seguinte: o EU. Começámos
por trabalhar a identidade com a ajuda de uns acrósticos com o nome de cada
participante; lá foram surgindo os adjetivos que melhor caracterizam cada um de
nós. Os alunos ficaram com a missão de recolher mais adjetivos (sobre eles)
junto da família, amigos e vizinhos. No próximo dia vamos pegar nessa matéria
escrita e ver o que acontece quando se utilizam palavras em certos programas de
computador…
domingo, 8 de março de 2015
Leituras Diferentes: poemas, caligramas e opiniões
Mais uma sessão com os alunos da professora Telma Bernardo (EB 2.3 Escultor Francisco dos Santos - Fitares/Rinchoa) em torno da poesia e dos livros (“Leituras diferentes”), desta vez com a ajuda
dos sussurradores. Temos feito um caminho em conjunto… Primeiro a surpresa da
mediação (tanto para os alunos como para o professor) depois a lição dos
alunos: Todos temos personalidades e histórias diferentes – presta atenção,
mediador… Mas são muitos, estes amigos, com necessidades diferentes, de
comunicação e atenção. Comecei pela imagem (álbuns), passei para a oralidade
(poesia) depois a escrita (“Máquina da poesia”). Depois, fui surpreendido pelas opiniões expressas pelos
alunos (por escrito)- nem sempre sou avaliado de forma tão positiva… Mas o que
me encantou foi ver um conjunto de caligramas muito livres e expressivos. Aqui
vai um exemplo:
Agora vamos ter de decorar os sussurradores e a saber de cor
os versos escritos. Na semana da poesia, os alunos vão percorrer a escola
sussurrando os seus versos ao ouvido de professores e colegas... Vai ser uma
festa! Depois aviso…
sexta-feira, 6 de março de 2015
De escola em escola (Sintra)
...Virámos a biblioteca escolar do avesso...
Atualmente, desenvolvo o meu trabalho em três agrupamentos
do concelho de Sintra: Fitares/Rinchoa, Monte da Lua e Ferreira de Castro.
Embora existam pontos de contacto entre as três propostas, elas ganham uma
autonomia, uma personalidade própria em cada comunidade educativa. O “leituras diferentes” utiliza a mediação leitora como ferramenta de intervenção, e “o corpo das ideias” a educação artística. Os alunos são diferentes, as idades diferentes, as
problemáticas diferentes e as personalidades (felizmente) diferentes; esta
variedade permite ir aferindo um modelo de intervenção mais assertivo junto das
necessidades educativas especiais. A resposta positiva dos diferentes docentes
é fundamental para o sucesso desta ideia. Assim, é natural que estes projetos comecem
por uma sessão inteiramente dedicada aos professores, do ensino especial ou
não, onde se partilha a metodologia e as ferramentas a aplicar. Foi o caso da
sessão dedicada aos professores do “monte da lua” que decorreu na biblioteca
escolar.
Sessão com professores na escola de Santa Maria (Sintra)
De então para cá, o trabalho tem decorrido na secundária D. Maria
(obrigado alunos das artes e de saúde pela vossa generosa participação!), D.
Fernando (onde conheci um coelho verdadeiramente terapeuta e residente na sala
de ensino especial) e na linda e inspiradora escola da Sarrazola (Colares) onde
foram captadas as fotos que publico. Como tenho referido, todos estes projetos
são inclusivos, daí que se trabalhe com o universo total da turma onde os
alunos especiais estão integrados. Para além das grandes histórias coletivas
desenhadas e imaginadas na biblioteca escolar em grande grupo, estamos a
desenvolver um outro trabalho, em torno da identidade, a que chamámos “Cartão
de cidadão”. Elegemos a identidade como tema definidor deste outro trabalho,
exclusivo dos alunos da unidade. Em redor desta ideia surgirão diferentes
ferramentas, fáceis de utilizar, que aos poucos contribuirão para a construção
e perceção da imagem do do EU. Este modelo de intervenção nas escolas, uma
quase residência do monitor/artista, tem gerado momentos de formação informal,
enquanto se vai concretizando o projeto.
Depois de inventar com o corpo, escrevemos a história...
terça-feira, 3 de março de 2015
Sussurrando poesia na Biblioteca Maria Lamas
Como tinha prometido, aqui ficam alguns dos versos feitos
pelos “Sussurradores do Monte”, com ajuda da “Máquina da poesia”, no dia 18 de
fevereiro na Biblioteca Maria Lamas (Monte da Caparica – Almada).
Bairro calmo é viagem de sonho
Férias sem praia são um sonho triste
Amor é tudo que quisermos, mas Amor é Amor!
A rua sonha corações espantados
A cama sonha sob a lua fria
À noite há Euforia no Bairro!
A chuva viaja pelo deserto profundo
Irmão de peito luta pelo direito!
A mulher gorda corre na praia bonita
O Pai toca com o coração intenso
A lua navega na constelação profunda
A flor navegou no jardim da felicidade
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