Sebastião sonhador

Sebastião sonhador e seu irmão mais novo conversavam no quarto contíguo ao do pai.
Eles não tinham sono e, do outro lado da parede fina, o pai tentava dormir, moído pelo trabalho do campo.
Mas as crianças não paravam de falar, num desassossego de grilo conversando na noite.
Sebastião contava a André a visão que tivera de um apicultor retirando favos recheados de mel, das colmeias instaladas no outeiro, bem ali ao lado da casa. E rematava:
- Quando for grande também vou ter colmeias. Ponho todas as abelhas a trabalhar para mim!
Vou começar por uma colmeia, depois vou arranjar outra. Depois de algum tempo já deverá dar muito mel…
E o irmão pendurado na descrição de Sebastião, de olhinho a brilhar, visualizando a ideia toda...
Continuava Sebastião:
- Ao fim de um ano já terei umas dez colmeias! Já imaginaste André? Já imaginaste, as colmeias a abarrotar, e frascos, e frascos de mel a correr doce?…
O irmão sem resistir começa num berreiro:
-Dá-me um bocadinho Sebastião! Dá-me um bocadinho!
O pai, que não conseguia dormir no quarto ao lado, soltou o seu vozeirão:
- Dá mel ao teu irmão, Sebastião! Não sejas garganeiro!
(Uma história que o meu Avô apicultor costumava contar junto à lareira - Algarve)

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