"Leituras em Cadeia" em Tires

Fotograma do filme "Espaço/Tempo" de Tiago Afonso
Como muitos sabem, a Laredo Associação Cultural, está a desenvolver o projeto “Leituras em cadeia” no estabelecimento prisional de Tires, num dos pavilhões, mais precisamente na biblioteca prisional. Pela especificidade do nosso trabalho, ainda não nos é possível apresentar notícias detalhadas e imagens do que vai acontecendo naquela biblioteca especial. No entanto, aqui deixo umas linhas informativas sobre o projeto, bem como o seu enquadramento.
A população dos 51 estabelecimentos prisionais (EP) portugueses revelava, em 2014, níveis médios reduzidos de educação formal, de leitura e de literacia em geral, o que torna ainda mais urgente o desenvolvimento de bibliotecas e do seu uso pleno por todos os reclusos. A situação em cada comunidade prisional é muito diferenciada, pelo que se sugere uma metodologia de intervenção que simultaneamente permita testar conceitos e procedimentos flexíveis e participados por diferentes membros destas comunidades, ou que lhe são próximos, nomeadamente nos serviços das bibliotecas municipais. O projeto sustentado por uma parceria entre a Fundação Calouste Gulbenkian, o Ministério da Justiça, a Delta Cafés e a Laredo Associação Cultural (que o dinamiza), propõe uma intervenção no estabelecimento prisional de Tires, durante 2 anos e meio, constituindo-se como projeto-piloto. Inclui uma forte componente formativa, valorizando as figuras dos formandos/tutores, potenciais formadores em contextos de cocriação e de maior proximidade, e a das reclusas responsáveis pela biblioteca que constituem o núcleo promotor do espaço de leitura. Este projeto também contempla o apoio à transformação/requalificação da biblioteca do estabelecimento prisional, por comparticipação nos custos, estimulando a colaboração de outras entidades ou fontes de investimento. Está prevista a edição de recursos digitais de acesso aberto, em língua portuguesa. A arquitetura proposta é a de protótipo. A coleção vai crescendo de acordo com o perfil leitor das reclusas do pavilhão intervencionado. As sessões de mediação leitora repetem-se, trazendo mais leitoras à biblioteca. O corpo de guardas reconhece e valoriza o esforço desenvolvido pela equipa num ambiente por vezes adverso e que se rege por códigos muito próprios. Tem sido muito gratificante reconhecer o empenho de entidades parceiras do projeto, Câmara Municipal/Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana e  Agrupamento de Escolas Matilde Rosa Araújo, no desenvolvimento do projeto. Uma palavra de apreço às técnicas de tratamento prisional envolvidas nesta construção.

Como não podia deixar de ser aqui fica uma ficha técnica com rosto: Regina Branco, Maria Helena Borges, Fátima Corte, Conceição Vieira, Georgina Araújo, Júlia Lopes, Luís Dias, Maria João Fernandes, Maria José Vitorino, Miguel Horta, Valter Amaral, Reclusas da Oficina Biblioteca (4) e Chefe Vale e mais…

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