Caule condutor

Conceção e realização da oficina "Arte que lança sementes": Carlos Carrilho, Ana Pêgo, Miguel Horta, Sara Inácio, Paula Ribeiro e Patrícia Tiago. 
Da semente ao fruto e do fruto a novas sementes – como podemos semear um novo mundo?.A Fundação Calouste Gulbenkian tem um património muito rico e variado que inclui as suas coleções de arte e as suas “coleções” naturais - o jardim. Esta oficina inspira-se nesse património e nasce das relações entre arte e natureza, procurando lançar sementes artísticas e criativas ao mesmo tempo que nos faz pensar no mundo em que vivemos e sua biodiversidade e sustentabilidade. Durante uma semana, percorrendo o ciclo de vida de uma planta, vamos lançar sementes à terra, fazê-las germinar, cuidar da(s) planta(s) para que cresça(m) e atinja(m) a maturidade até dar(em) fruto. Através de diferentes experiências artísticas, visitas aos jardineiros, leituras, utilização de pigmentos naturais e utilização de técnicas variadas, exploraremos a relação entre arte e natureza até chegarmos a uma obra final, coletiva, de Land Art, fruto de uma simbiose com o jardim e das várias experiências realizadas.
 
 O fio condutor é um caule que nos une, da semente à floração e respetivos frutos. Trata-se de uma oficina holística, que tem como referente 3 espaços da Fundação Calouste Gulbenkian, a saber, Museu Gulbenkian (Coleção do Fundador), Museu Gulbenkian (Coleção Moderna) e Jardim (Coleção Natural). Começámos por nos juntar com uma história Indo Europeia contada no primeiro dia “a Semente”; todas as crianças guardaram a sua semente no bolso para florescer ao longo da semana (talvez a semeiem mais tarde no Inverno…)
Ficha técnica para uma planta imaginária, feita por uma menina bem disposta e imaginativa, durante esta nossa oficina de férias. Não era TPC... Atente-se no detalhe da fundamentação para uma planta imaginária… Relembra como estávamos corretos no projeto 10x10 do Descobrir (Fundação Calouste Gulbenkian) ao propor a abordagem dos temas científicos a partir do olhar dos artistas bem diálogo ativo com os professores de "Ciências". Ver exemplo Aqui.
lembrei-me muito de Seomara da Costa Primo (ilustradora e botânica)  ao longo desta oficina.
Mas voltemos à germinação e aos bolbos, sementes e rizomas que conhecemos no começo da semana. Depois de temos inventado (desenhando e moldando) bolbos e rizomas estranhos que deram a origem a plantas singulares, seguimos para os serviços do jardim para escutar os jardineiros que todos os dias conversam com as plantas. Germinaram as sementes dando origem a um caule, o caule tutor, como nas videiras. Pegando no caule, aproveitámos restos das plantas (ramos, folhas e pétalas caídas pelo chão) para fazer pinceis de diferentes consistências e rasto apenas com materiais naturais. Fomos até ao Oriente e pintámos com tinta-da-China um longo desenho, como o nosso caule, que apresentámos aos pais no último dia de oficina, junto com outras produções da semana. Outros desperdícios encontrados no jardim serviram para fazer ourivesaria faz de conta inspirada na obra de René Lalique (que, em menino e brincou com bichos, plantas e pedras) – expusemos o nosso trabalho num tronco. É verdade… Já alguma vez tentaste fazer um retrato usando apenas o que encontras no chão do jardim ou floresta? Sim! Uma espécie de Arcimboldo feito com colagem. 
Recolhemos  e experimentámos e criámos formas tridimensionais com essas sementes, ramos e folhas, e surgiram uns "deuses" estranhos... Não é que os Egípcios faziam o seu papel com o caule dos papiros do rio Nilo? Olhem! Olhem! Descobri papiros no jardim! O caule cresce e surgem folhas projetando a sua sombra pelo chão, misturando-se com a nossa; brincamos com as sombras como o fez Lurdes de Castro.  Paramos a descansar num ramo do caule que vai crescendo, e lemos Um livro sobre “Sombras” (Suzy Lee). Os mais velhos escutam uma história contada num caule grosso, um tronco, sobre uma “árvore generosa”, e ficam a pensar…
(fotografia de Carlos Carrilho)
No dia em que apareceram as primeiras flores no caule e mais alguns frutos, fazemos uma grande mandala com o que encontrámos nas nossas deambulações pelo jardim.
(fotografia de Carlos Carrilho)
 Rostos a lembrar Arcimboldo
(fotografia de Carlos Carrilho)
 Sombras de folhas projetadas
(fotografia de Carlos Carrilho)
(fotografia de Carlos Carrilho)
No último dia um longo desenho, como um caule serpenteando pelo chão do jardim, uniu todas as crianças, encerrando mais uma oficina de Verão do Museu Gulbenkian. Não podemos terminar sem agradecer ao Senhor António, chefe dos jardineiros da Fundação Calouste Gulbenkian, pela sua generosidade e disponibilidade, ao receber os nossos três grupos nos bastidores secretos do Jardim, contado-nos histórias e curiosidades das plantas e animais que ali habitam.

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